Praticidade, versatilidade e a possibilidade de personalização são algumas das várias qualidades exaltadas por quem usa e por quem trabalha com os objetos
“Na demolição de uma casa, todos os materiais podem ser reaproveitados. Talvez por uma questão cultural o Brasil ainda jogue muita coisa no lixo”, conta a arquiteta e urbanista Mônica Oliveira, 50. A ideia de que “nada se cria, tudo se transforma”, do químico Lavoisier, morto há 224 anos, percorre hoje o pensamento de muita gente em diversas áreas de atuação. E, o que antes não atraia grandes fãs no Brasil, ultimamente, já é até moda. É o caso dos móveis de palete.
Em 2012, o Ministério do Meio Ambiente fez uma pesquisa referente a mudança de pensamento da população brasileira em relação a questões ambientais. Os resultados de 1992 (ano em que se iniciou a pesquisa) quando comparados com os atuais mostram que a consciência dos brasileiros a cerca de tópicos ambientais quase quadruplicou. No ano do levantamento foi constatado que 66 a cada 100 brasileiros sabiam o que é “Consumo sustentável”, e apenas 34% já haviam ouvido falar e conheciam a definição errada. Foi no mesmo período que começaram a entrar em destaque produtos que reaproveitam materiais já utilizados nos processos de produção.
E teve quem já pensava nesse nicho antes mesmo desses resultados. O consultor e microempreendedor no ramo de design com paletes, Leandro Andrade, 35, começou sua loja no ambiente virtual em 2010 e hoje possui uma loja física no Rudge Ramos. Ele conta que antes da loja já trabalhava com a venda de peças de paletes, mas que hoje vende os projetos completos “não é só pegar o palete e colocar num ambiente da casa, tem profissionais por trás disso, que cuidam da colocação do móvel no cômodo, da funcionalidade dele e para entender o que o cliente realmente quer”.
“Na demolição de uma casa, todos os materiais podem ser reaproveitados. Talvez por uma questão cultural o Brasil ainda jogue muita coisa no lixo”, explica a arquiteta e urbanista Mônica Oliveira
A praticidade, design rústico e despojado, versatilidade e a possibilidade de personalização são algumas das várias qualidades exaltadas por quem usa e por quem trabalha com os móveis de paletes. Leandro afirma que o perfil dos seus clientes é muito variado “vai de gente que acredita na ideia da empresa até gente que vai atrás por ser a moda do momento.”
O editor de vídeo Marcelo Eduardo Rutigliano,51, ganhou de presente um porta-discos feito com os paletes e diz que tem planos de colocar em outros ambientes da casa “Eu adorei, e já até comprei outro, ele é muito mais prático de manusear e bonito. Eu acho ótima a ideia, tanto que na minha cozinha tem os caixotes decorados também”.
Bruno Galasse, 31, é sócio de uma instituição que ensina educadores a abordarem temas relevantes na sociedade para seus alunos, como a sustentabilidade. Ele conta que junto aos sócios utiliza os paletes há quatro anos. Inclusive, em um dos projetos da instituição são deixados livros em caixotes, feitos de paletes reciclados, para difundir a literatura. Além disso, busca utilizar o produto dentro da instituição, como em bancadas, e conta como os descobriu, “já tínhamos [Bruno e os outros sócios] uma ideia e fomos buscar na internet e achamos alguns lugares que faziam, além do Livre-se [projeto dos livros] utilizamos também nos ambientes da escola, a gente acha que a madeira traz uma sensação mais acolhedora aos locais e a ideia do consumo sustentável condiz com o que ensinamos aqui dentro”.
Por muito tempo, a compra de móveis feitos de paletes estava vinculada ao menor preço. Hoje, Leandro conta que já não é mais assim. A aplicação de técnicas e tecnologia nos paletes gera produtos de qualidade e praticidade equiparados a moveis tradicionais, conta também que os produtos vendidos variam e são acessíveis as classes de A à D, logo produtos simples com pouca aplicação de técnica e tecnologia se mantêm com preços baixos e conquistam públicos que buscam estilo e economia. Já móveis com maior planejamento e personalização, muitas vezes, produzidos com madeira de palete nova, tem um custo maior que é repassado para o produto. Da mesma forma, a consultoria de profissionais da área para melhor encaixe do móvel no domicilio do cliente faz com que os preços aumentem.
*Esta matéria foi publicada originalmente no Portal do Rudge Ramos Online
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