Agronegócio corresponde a quase 45% das exportações do país
A tecnologia está invadindo o mercado do Brasil. Seja nos aplicativos de bancos, carros autônomos ou softwares de inteligência artificial, ela está presente em diversos momentos do cotidiano das pessoas. No agronegócio não é diferente. Plantações mais produtivas, drones e agricultura de precisão já são uma realidade, mas as empresas e startups de tecnologia querem mais para a agroindústria brasileira. Tratores autônomos, fazendas inteligentes e o controle a um toque são sonhos que já podem se tornar realidade.
De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de abril/2018, o agronegócio é responsável por 44,8% das exportações totais do Brasil. A Inteligência Artificial (IA) é uma das inovações que chama a atenção dos produtores, já que substitui parte do trabalho manual e impressiona quando o assunto é alta produtividade e economia de tempo. Por conta disso, a Gartner, empresa de pesquisa e consultoria em investimentos, estima que o Brasil gaste, aproximadamente US$182,5 milhões (dólares) em inteligência artificial e análise de dados, neste ano.
Menores perdas e produções inteligentes atraem os grandes agricultores, o que faz com que a oportunidade de otimizar as plantações os faça apoiar a implementação da tecnologia na produção. Porém, o medo de confiar a safra do ano em uma máquina pode ser um impedimento para alguns. Dentre as discussões acerca da confiabilidade das novas tecnologias IoT (Internet das Coisas), de inteligência artificial e softwares de análise de dados, as empresas inovam em todos os sentidos e criam sistemas cada vez mais específicos para dinamizar os processos. Como o BeefTrader, um software para medição e controle dos bois, ele quantifica a hora certa de vender os bovinos por informações biológicas e do mercado financeiro. As medições são feitas em tempo real e geram relatórios de análises.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) também se destaca nas inovações tecnológicas, e em parceria com a Agritech, empresa de produção de equipamentos agrícolas, desenvolveu o AGLIBS 1.0, um robô que realiza análise de solo. O equipamento foi produzido por cientistas brasileiros e tecnologia usada para descobrir água em Marte. A máquina é capaz de realizar relatórios sobre o solo de forma limpa e econômica (já que análises laboratoriais do solo são demoradas e, por isso, muitas vezes, deixadas de lado pelos agricultores). Além de analisar mais de 1.500 amostras de solo por dia, a tecnologia facilitará para os produtores saberem a quantidade de substâncias que já estão no solo e qual tratamento devem fazer, caso falte alguma, já que além da análise e armazenamento dos dados na nuvem, o equipamento dá recomendações agronômicas para melhoria do solo.
Outro aspecto que a tecnologia poderá auxiliar no agronegócio são os sistemas de armazenamento e transporte dos produtos. As fraudes dentro desses sistemas geram perdas enormes para o setor. A Blockchain, sistema de camadas de segurança utilizado, comumente com criptomoedas, é uma opção para diminuir as fraudes. O sistema é capaz de armazenar os dados separadamente em camadas seguras sem se fazer necessárias alterações humanas. Ele também é capaz de acompanhar o produto desde a produção até transporte e distribuição, fazendo análise de perdas durante o processo.
AGRISHOW
Outros sistemas estão sendo pensados para a otimização das produções. No Brasil, o principal evento que reúne essas tecnologias é a Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina. Na edição deste ano, que ocorreu entre abril e maio, algumas novidades se destacaram, como a Agrosmart, sistema de monitoramento das chuvas em tempo real, que fará com que o produtor possa prever futuras perdas ou boas colheitas.
A Case IH, empresa de equipamentos agrícolas, lançou um drone que sobrevoa as plantações e faz mapeamento e processamento de imagens, de área extensas e de difícil acesso, além disso o robô traz possibilidades de análise de pragas e doenças nas plantações, o que ajuda o agricultor a identificar os focos para aplicação de defensivos agrícolas.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Desde o princípio dos sistemas de tecnologia, a invenção do computador e a automação, a inteligência artificial era um sonho antigo da humanidade, que vinha à tona nas produções cinematográficas mais ousadas, como A.I. – Inteligência Artificial, filme que traz um menino robô, que fala, sente e expressa sentimentos. Nos últimos tempos, a ideia se tornou realidade, e projetos para produção de robôs que se assemelham a seres humanos na forma de agir e pensar já são reais. Mas, web intelligence é mais abrangente, e automatiza serviços que antes eram feitos por pessoas, como carros autônomos, que dirigem sozinhos.
Apesar de uma grande evolução na área da tecnologia e otimização de processos produtivos, a tecnologia pode trazer inseguranças como a diminuição de postos de trabalho, entretanto, segundo a opinião do Consultor de Cyber Security, Osmany Arruda, 54, as tecnologias somente transformarão os empregos disponíveis, o que antes era necessário ter atendentes, hoje, o mercado precisa de pessoas qualificadas para fazer a manutenção das tecnologias que automatizaram esses serviços, além disso as novas gerações devem estar preparadas para a era da tecnologia que é inevitável. Prova disso, a empresa americana de vendas online ‘Amazon’, que lançou em 2018, a primeira loja física de comércio de produtos que dispensa força de trabalho humana.
*Esta matéria foi produzida para o Prêmio ABAG/RP de Jornalismo José Hamilton Ribeiro.
**Esta matéria foi publicada originalmente no Portal do Rudge Ramos Online
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